domingo, 14 de agosto de 2011

Pai


  
  Pai, eu não sei o que você sentiu, nos seus dezessete anos, ao saber que eu estava chegando. Eu não escolhi chegar naquele momento, mas não tive outra opção a não ser nascer.
 Eu não sei se atrapalhei sua adolescência, seus tempos de aproveitar a vida, mas eu precisei tanto do seu carinho, da sua presença, do seu calor. Eu precisei de você, quando você menos estava preparado para ser meu pai.
  Queria hoje lhe contar minhas histórias, sentar com você à mesa e ouvir suas experiências. Poder contar com seu apoio para o caminho que decidir seguir, mas você está tão distante pai, tanto em quilômetros quanto em amor.  Por que ainda não aprendemos a ser pai e filho, filho e pai?
  A minha alegria de chegar tão cedo em sua vida é a possibilidade que eu tenho de mais tempo passar ao seu lado. Mesmo depois de adulto, adoraria brincar de carrinho com você, construir túneis e estacionamentos para deixarmos nossas miniaturas paradas no terreiro da nossa casa. Eu queria aprender a dirigir com você, fazermos loucuras que todo pai faz com um filho.
  Pai, eu desejei tanto ficar até tarde fora de casa e receber uma ligação tua para saber a que horas iria chegar. Com certeza, após desligar o telefone, eu iria falar que você é um saco, mas eu sentiria o que é ter um pai “chato”.
  Querido pai, eu também quero ter um filho. Eu vou ser chato. Vou querer saber aonde ele vai, o que ele vai fazer, com quem ele vai e a que horas volta. Além do mais, se não voltar no horário combinado, eu vou dar um puxão de orelha.
  Se eu realmente tiver um filho e eu for assim com ele, pai, você acha que ele vai me amar como eu te amo, mesmo que não tenha feito isso comigo? Ou será que ele vai preferir que eu só tenha o feito e apenas ser o pai dele?
   Eu te amo pai.